E tudo começou em... bem... não sei muito bem como começou, mas sei que foi qualquer coisa via internet que me chamou à atenção sobre a edição de 2009 do Festival Marés Vivas, a realizar-se em 16, 17 e 18 de Julho no Cabedelo (à beira da Afurada), com um cartaz que aparentemente prometia: Kaiser Chiefs, Primal Scream e Lamb no primeiro dia. SCORPIONS, GUANO APES e Secondhand Serenade no segundo. Keane, Jason Mraz, Colbie Caillait e Gabriella Cilmi no terceiro e último dia.
Assim sendo, e com um cartaz em que nenhum dia me desinteressava, fiquei logo com um pezinho de vontade em marcar a minha presença. A determinada altura, foi-se falando e constatando que havia mais povo interessado em ir, dei "o passo" e comprei o meu passe 3 dias para o dito festival, por uns 38 euros (sendo o preço diário de 25€).
Os tempos exigiam outras preocupações, visto que tinha o meu último exame no primeiro dia do festival, mas sempre procurei confirmar companhia para os diversos dias. Infelizmente foi um mau momento para a maioria visto que exames e festivais são conceitos que se atrapalham mutuamente. Assim, apenas foi possível ter algo combinado para o 2o dia, que, diga-se de passagem, era mesmo O dia que não ia mesmo querer perder.
Assim sendo, no primeiro dia, apenas me surgiu deslocar-me durante a tarde até ao recinto para levantar a minha pulseira. Devido à má informação de transportes por parte da organização, a tarefa tornou-se em algo bem mais demorado do que deveria, obrigando-me a, entre outras coisas, apanhar metro e vários autocarros para um percurso que faria apenas com um e, no sentido contrário, a subir, ir apanhar um autocarro à paragem útil mais próxima (que mais tarde se veio a revelar não ser a mais próxima, mas sim a mais longínqua possível... bastava ter subido uma ruazinha em certo sítio e teria poupado imenso tempo e esforço).
Cheguei estafado a casa, mas ao menos com conhecimento de onde ficava e de como lá chegar. Sem povo para ir (apesar de no próprio dia ter tentado arranjar) e "todo roto" de ter acordado cedíssimo por causa do exame e de tanto ter andado a pé, com pena minha não pude marcar a minha presença nesse primeiro dia de boa música na zona marginal do Cabedelo.
Já bem descansado, nasceu para mim o dia 17 de Julho, que com tão magnífico programa musical para a noite, só poderia prometer ser muito bom. Esteve-se bem durante o dia, e pelas 21:00, após ter jantado "de corrida" e ter literalmente corrido, mal acabei de jantar (sim, isto não se pode fazer, mas tinha de ser e eu tive cuidado), consegui chegar atempadamente ao autocarro que partia da Batalha, directamente para o ponto musical da noite.
Chegado lá, entrei ainda pouco depois de começar o concerto dos Seconhand Serenade, banda que não me interessava minimamente ver, apesar de não terem estado mal em cantar a "Fix You" dos Coldplay.
Já não estando sozinho, fomos todos em direcção ao palco, de forma a estar o mais próximo possível para ver ambas as magníficas bandas da noite. Esperávamos os Guano Apes, mas afinal a organização fez uma troca de ordem, e surpreendeu-nos com a presença dos Scorpions... e foi aí que começou "a loucura"...
Scorpions surgem com toda a garra e energia, com uma entrada magnífica, com uma excelente selecção musical, e com toda a vontade de ter Porto e Gaia a saltar e berrar como nunca antes (e numa escala nunca antes tão alta, não fosse a voz de Klaus Meine uma espécie de sirene ambulante em versão masculina).
Guitarras em toda a estridência, um baterista (James Kottak) a querer rebentar cabeças num raio de 2Km (que fez um solo absolutamente brutal, que faz inveja a qualquer baterista de qualquer idade) e um vocalista que sabe por o povo a cantar e que ainda brinca com a sua própria voz.
Momentos musicais como Send Me An Angel, Holiday, Still Loving You, Wind Of Change, e, obviamente, Rock You Like A Hurricane (para acabar), tornaram-se em história para contar e recordar para todo o sempre, e fizeram valer qualquer custo pago para presenciar aquele concerto. Se a noite acabasse ali já se teria tornado musicalmente épica para a grande maioria dos presentes.
Mas obviamente a noite não iria terminar ali pois ainda faltavam os fantásticos Guano Apes com a sua interessante vocalista Sandra Nasic.
Após o estrondoso concerto dos Scorpions, os níveis de energia globais já não eram os mesmos, e só mesmo uma grande moralização vinda de qualquer artista que pisasse o palco dessa noite seria capaz de manter tão alto nível de animação do público.
Os Guano Apes entaram muito bem, logo com duas músicas para puxar o ritmo à audiência, e que (praticamente) todos conheciam. Após You Can't Stop Me e Quietly, seguiram-se várias músicas que, apesar de adequadas ao evento, foram demasiadamente viradas para os fãs, pois não eram do grupo de músicas de conhecimento comum.
Ainda experimentaram uma nova música, tocaram Break The Line e deixaram o palco após uma explosão de som com Big In Japan. Após dois minutos de silencio e com a grande maioria da audiência ainda a permanecer à beira do palco, regressaram para tocarem mais uma musica menos conhecida e efectivamente se despedirem, ao som de Lords Of The Boards, tocado para aproveitar os últimos Joules de energia do público presente. Houve ainda tempo para um dos membros da banda saltar da coluna para um crowd surf... (julgo que a maioria do público masculino presente concorda comigo que deveria ser a Sandra Nasic a querer fazê-lo... e já agora... fiquei com pena de não lhe ter conseguido tirar nenhuma foto minimamente de jeito) =P
Foi assim, com os níveis gerais de energia corporal à beira dos mínimos, com muito pouca voz, e com os ouvidos a 20% que terminou a grande noite da edição deste ano do festival.
Saímos do recinto e depois, por minha conta, arranjei-me para ter um transporte que me deixasse o mais depressa possível em casa, a recuperar a energia gasta nesta magnífica noite, que será para recordar para sempre como uma noite de um magnífico concerto e de uma outra actuação de muito grande nível.
Horas de descanso mais tarde, chegou a mim o Sábado, 18 de Julho, último dia musical p'ros lados da Afurada.
Após uma manhã em sono e uma tarde bem descansada, estava pronto a mais uma noite de festival.
Pelos mesmos motivos do primeiro dia, não foi possível combinar a presença de mais pessoal nessa noite de festival, sendo que desta vez também não me sentia suficientemente interessado para me aplicar em saber de quem poderia ir nessa noite. Apesar de no global todo o festival ter nota bem positiva nas bandas escolhidas, tenho também de admitir que o único dia que era efectivamente essencial ir era mesmo aquele que fui, pois as restantes bandas, apesar de agradáveis, só me levariam lá como acompanhamento de noites passadas com pessoal amigo.
Assim sendo, era efectivamente necessário ir até ao local do festival procurar vender a minha pulseira (que, apesar de complicado, sempre é possível de conseguir desapertar e reutilizar) e assim compensar o dinheiro pago a mais atendendo que efectivamente só fui um dia.
20€ era o preço estabelecido para o efeito (e assim ainda lucrar com a situação) e que também procurei anunciar em vários sítios em busca de possíveis interessados. Infelizmente, em 3 possíveis compradores, nenhum chegou efectivamente a estar na intenção de compra.
Partindo de casa pelas 21h, não consegui chegar atempadamente (21:05) à Batalha para apanhar o autocarro directo ao festival, pois cheguei apenas às 21:10 (desta vez não corri... mas também não tinha jantado =P).
Não tendo conseguido autocarro directo, avisei todas os que como eu esperavam por autocarro para o festival de que não iriam haver mais autocarros para lá a partir daquele local e direccionei-me para o próximo ponto onde poderia ser possível ter autocarro para lá: a paragem situada na Av. República, em Gaia.
Chegado a essa paragem, constatei que (apesar da falta de informação), não iriam haver mais autocarros directos (dos Espírito Santo) para o festival a partir daquele local, pelo optei por um autocarro dos STCP que deixa a meio caminho, e à entrada confirmei a dois grupos de raparigas (que estavam a hesitar sobre entrar) que era efectivamente a melhor solução entrar naquele autocarro e depois apanhar outro do que ficar ali à espera de autocarros que provavelmente não iriam aparecer. Um pouco previsível, ambos os grupos ficaram atentos a quando seria a minha saída para assim me acompanharem à estação do autocarro que os levasse lá, e assim aconteceu.
Saído do autocarro, procurei eu mesmo orientar-me para a outra paragem (pois eu também não sabia onde era, apenas tinha a indicação para lá), e com duas ou três perguntas em pontos que ia passando, lá encontrei o caminho certo até à paragem prometida. =P Ambos os grupos me vieram acompanhando, embora à distância e lá chegaram logo de seguida.
Por eu me ter, no primeiro dia, enganado e ido em direcção errada até à paragem (que afinal era a mais distante do festival), reconheci que era nessa mesma paragem que eu me encontrava, e logo sabia o caminho a pé até ao festival. Pelo serviço SMS BUS vi que faltavam 38 minutos para o autocarro, e então optei por ir mesmo a pé, visto que sabia o caminho, e a descer também não é nada que custe. Aí, um dos grupos (que na realidade eram apenas duas amigas), percebendo que eu sabia o caminho, veio também comigo.
Assim, de um modo imprevisível, vi-me a fazer de guia a duas moças novas, com as quais fui conversando, dando informações sobre o festival entre outras coisas, enquanto as encaminhava para o recinto. Ao fim de um bocado chegamos ao recinto (cerca das 22:30), as moças ficaram na fila, e eu comecei a minha desinteressante tarefa de, apenas nos melhores locais, para não dar muito nas vistas, perguntar a quem passava se queria bilhete para aquela noite.
O tempo passou... e passou... e ao todo só me apareceram p'raí 3 pessoas interessadas em comprar, mas num caso tinha de ser para duas pessoas (eu so tinha a minha pulseira) e nos outros casos acharam caro.
A dado momento concluí que a única forma de sair dali a ganhar algum dinheiro que fosse era baixar significativamente o preço e mudar o discurso, ou então arriscava-me a acabar a noite sem ganhar nenhum dinheiro.
Acabei por, por volta da meia noite, vender por 10€ a um senhor a quem não abordei, mas que me ouviu... e dei-me por satisfeito por conseguir vender.
Objectivo concluído, tinha de me ir embora. Apesar dos 10€ no bolso, não ia ser fácil encontrar algum autocarro àquela hora para regressar (o serviço especial só começava às 2:00), e então fiz por combinar com o meu irmão (apesar da pouca bateria) que ele me viesse encontrar ali e levasse de carro até casa.
Até que isso viesse a acontecer, ainda se passou quase uma hora e enquanto estive por ali parado, fiquei a maioria do tempo à beira das Meninas da Fanta, que andaram a distribuir paletes de Fanta Zero, de Laranja e de Ananás, durante a noite toda, a quem passava.
Obviamente, eu mesmo, enquanto fazia o percurso de um lado para o outro à procura de comprador, acabei por beber umas quantas.
Ao fim de um pouco ali à beira, surgiu-me mesmo conversar por ali. E assim acabei por estar em conversa bem porreira, com as moças e mais as restantes pessoas que ali estavam a distribuir, praí durante meia hora. É mais uma daquelas situações que surgem no momento e local por mero acaso, mas que no final uma pessoa fica mesmo contente que assim tenha sido. Eram pessoas simpáticas, amigáveis e interessantes com quem se conversa naturalmente e se sente bem, apesar de se apenas ter conhecido naquele momento.
Visto que estava sem bateria, uma das meninas ainda teve a simpatia de me emprestar o telemóvel dela para que eu pudesse receber alguma mensagem e ligar para o meu irmão para o ajudar a se encontrar comigo, e pouco depois, na distracção da conversa, nem me apercebi de ele chegar e estar com o carro parado ali à beira. Calhei de olhar, e pronto... tinha chegado a hora de regressar a casa.
De também destacar que, enquanto circulei e também enquanto ali esperei, tive oportunidade de ouvir várias músicas de quem actuava, incluindo a I'm Yours do Jason Mraz, e várias músicas (que desconheço) da Colbie Caillait.
E foi assim, em circunstâncias completamente imprevistas que terminou a minha história deste festival de verão que entoou música por toda a margem sul da foz do Rio Douro.
Que para o ano haja tão bom, ou melhor, cartaz... e certamente marcarei presença nos dias das melhores actuações.
escorreguei no azeite
ResponderEliminarnão li
ResponderEliminarÉ "Jason" não "Janson"
ResponderEliminarfixed ;)
ResponderEliminar(mania de escrever à pressa faz-me carregar nas teclas antes do tempo... eu sei q é Jason)